Vivemos tempos de colapso. Já ultrapassamos 7 dos 8 limites planetários definidos pela ciência, o que significa que os sistemas naturais que sustentam a vida estão em risco de colapso irreversível. 80% dos insetos estão extintos ou em acelerado declínio. 90% dos grandes peixes, como tubarões e peixes-espada, já desapareceram. Em termos de biomassa, os humanos e os animais de criação representam 96% de todos os mamíferos do planeta. A vida selvagem representa apenas 4%. O suicídio tira a vida de mais de 700 mil pessoas por ano — é uma das principais causas de morte entre jovens de 15 a 29 anos no mundo.
Em 2023 e 2024, vimos enchentes devastadoras no sul do Brasil, secas extremas na Amazônia, ondas de calor recorde na Europa e incêndios florestais sem precedentes no Canadá. Segundo a ONU e o Banco Mundial, milhões de pessoas serão forçadas a migrar por falta de água e comida; a produção agrícola global pode cair mesmo com adaptação; e a escassez de recursos tende a alimentar conflitos e violência em diversas regiões.
A crise climática já não é uma ameaça futura — é uma realidade que nos atravessa agora. Respire fundo e preste atenção em como ler estas informações agora te afeta. Que sensações corporais estão presentes e que emoções emergem?
É comum que essa realidade evoque emoções profundas: tristeza, raiva, culpa, medo, impotência. Como coaches, somos chamados a lidar com elas — não só quando aparecem em nossos clientes, mas também em nós.
Por que não queremos sentir?
Não é fácil abrir espaço para essas emoções, ainda mais quando elas dizem respeito ao planeta, ao futuro e ao colapso de tudo o que conhecemos.
A psicologia e a neurociência nos ajudam a entender por quê. O cérebro humano foi moldado para evitar a dor e buscar segurança. Nosso sistema nervoso reage ao sofrimento com mecanismos automáticos como negação, distanciamento e entorpecimento.
A neurocientista Lisa Feldman Barrett mostra que emoções são construções do cérebro baseadas em experiências passadas. Quando sentimos algo avassalador, como o luto ecológico, o cérebro interpreta como ameaça à sobrevivência e busca rotas de fuga. O sistema límbico — especialmente a amígdala — ativa respostas de luta, fuga ou congelamento diante de notícias sobre o colapso climático, o que dificulta a capacidade de ação consciente e coordenada.